sábado, 25 de setembro de 2010

Está Consumado

"Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito." (João, 19: 30).

 Nossa irmã e fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Ellen G. White, de maneira inspirada escreveu o seguinte parágrafo, no livro O Desejado de Todas as Nações:

"Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito. Se queremos ser salvos afinal, teremos de aprender aos pés da cruz a lição de arrependimento e humilhação." (P. 83).

Cristo, evidentemente para todo o cristão, é modelo e exemplo; e é contemplando ao Cordeiro morto desde a fundação do mundo que seremos transformados em novas criaturas: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." (II Coríntios, 3: 18).

Jesus Cristo, o criador de todo o universo (ver João, 1: 3) deixou toda a Sua glória, ao lado do Pai, para assumir a nossa condição e levar, à cruz, a nossa condenação, qual seja, a morte: "porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. - Romanos, 6: 23; "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus." (II Coríntios, 5: 21). E foi o mesmo Jesus que disse que deveríamos ser iguais a Ele, mansos e humildes de coração (ver Mateus, 11: 29) e, ainda, aprender a nos humilhar assim como Ele próprio se humilhou, ao ponto de morrer a morte mais vergonhosa de todas no lugar de pecadores como nós.

Como criador do universo, mesmo tendo deixado Sua divindade obliterada pela sua humanidade, Ele sabia que deveria padecer e sofrer por cada ser humano, aqueles que já tinham vivido antes dEle, por aqueles que viviam em Sua época e por aqueles que viriam a exisitir: "Tendo dito estas coisas, Jesus levantou os olhos ao céu, e disse: "Pai, é chegada a hora, Glorifica a Teu Filho, para que também o Teu Filho Te glorifique a Ti. Pois lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos os que lhe deste. (...) Por eles me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela Sua Palavra hão de crer em mim." (João, 17: 1, 2, 19 e 20). E, somente por meio do Seu sofrimento e morte, teríamos a garantia da liberdade - em relação ao pecado - e da vida eterna. Leia, por favor, com atenção, os versos a seguir:

"Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos." (Isaías, 53: 4-6).

"E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João, 3: 14-16).

"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo." (João, 12: 32).

O castigo que foi lançado sobre Ele e que nos trouxe a paz envolveu sofrimentos físicos (agressões, chibatadas, cora de espinhos e, finalmente, a cruz) e humilhação (aqueles que Ele veio salvar, os do Seu próprio povo, O rejeitaram e foram os primeiros a pedir sua crucifixão). Porém, não foram estes que mais causaram dor em nosso Salvador, mas foram o sofrimento moral, uma vez que Cristo carregava sobre Seus ombros os pecados de toda a humanidade: "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados." (I Pedro, 2: 24) e, principalmente, a separação do Pai, ocasionada por esses mesmos pecados (ver Isaías, 59: 2).


Na Revista Adventista de março de 2008, o pastor, professor e teólogo José Carlos Ramos, em um artigo acerca do sofrimento de Jesus, escreveu: "Fomos nós que causamos Sua angústia no jardim. Por nossa causa, Ele suou gotas de sangue e teve o coração quebrantado, razão de Sua morte prematura na cruz. Assim, não foram exatamente os maus tratos, o açoite, a própria crucifixão, que mais fizeram Jesus sofrer, mas principalmente o peso dos nossos pecados. (...) Ele amargou a conseqüência última da iniqüidade: separação de Deus, implicando agonia mental tão intensa ‘que Ele mal sentia a dor física’.” (RAMOS, José Carlos. Revista Adventista, p. 14, março de 2008).

A última frase de Cristo, antes de depor Sua vida, “está consumado”, representou, sem dúvida alguma, um brado de dor e de alívio, mas fora também um brado de vitória, qual seja, vitória sobre Satanás e vitória sobre o pecado. Definitivamente o império de Satanás estava destruído e o homem livre do cativeiro do pecado. Jesus pagava, assim, a dívida que era nossa: "porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos, 6: 213). Deus tinha Seu caráter vindicado perante todo o universo e Jesus nos reconciliava com o Pai e abria novamente o caminho para o céu.

Era, também, um brado de amor: amor de um Deus que Se entregou pela raça humana e de um Pai que não poupou Seu próprio Filho: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.” (Romanos, 5: 8-11).

Diante de tão grande sacrifício e de tão grande misericórdia, o apóstolo Paulo expressa sua preocupação com aqueles que negligenciam a salvação em Cristo Jesus: “Como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hebreus, 2: 3).

Querido amigo, Jesus Cristo veio a este mundo para morrer por mim e por você; Ele se fez homem e sofreu a fim de que pudesse se compadecer também dos nossos sofrimentos e assim se tornou nosso intercessor e nosso sumo-sacerdote (ver Hebreus, 4: 15). O pecado tem pesado sobre os nossos ombros e sobre aqueles que nós mais amamos; víolência, vícios, maus hábitos, doenças e separação são algumas das consequências da vida que o ser humano tem levado; somente olhando para cristo, autor e consumador da nossa fé (ver Hebreus, 12: 2) ser-nos-á possível viver em novidade de vida; somente Ele poderá nos restituir a alegria de viver e a esperança de uma vida sem dor, sem lágrimas; somente nEle temos a certeza da salvação e da vida eterna.

Haveria de ter sido inútil para nós essa singular manifestação do amor divino? Não é este o momento para também dizermos ‘está consumado’? isto é ‘dou por definitivamente consumada minha entrega a Jesus, devolvendo a Ele o que por direito é Seu?’ Somente assim ser-lhe-á efetivada a posse total de nosso ser. ‘Filho Meu, dá-me o teu coração’ (Provérbios, 23: 26).” (RAMOS, José Carlos. Revista Adventista, p. 14, março de 2008).